Prepare-se para ter sua mente explodida!

Você já ouviu falar em Charles Darwin e Alfred Russel Wallace, os pais da teoria da seleção natural, certo? Aquela ideia revolucionária de que as espécies evoluem ao longo do tempo, se adaptando ao ambiente para sobreviver e se reproduzir. Pois bem, e se eu te dissesse que, mil anos antes de Darwin sequer sonhar em embarcar no Beagle, um pensador árabe já estava explorando conceitos assustadoramente semelhantes? Sim, estamos falando de Abu Uthman Amr Bahr al-Kinani al-Basri, mais conhecido como Al-Jahiz, o “olhos esbugalhados” que enxergou o futuro da biologia!
Nascido por volta de 776 d.C. em Baçorá, no atual Iraque, Al-Jahiz viveu durante a Era de Ouro Islâmica, um período de efervescência intelectual sem precedentes. Enquanto a Europa mergulhava na Idade das Trevas, o mundo islâmico florescia com avanços em ciência, filosofia, medicina e matemática. Baçorá, sua cidade natal, era um caldeirão de ideias, onde manuscritos gregos eram traduzidos para o árabe e debates acalorados moldavam mentes brilhantes. Foi nesse ambiente fértil que Al-Jahiz, um autodidata com uma curiosidade insaciável, absorveu conhecimento e começou a formular suas próprias teorias.
ele entendia que os animais que conseguiam sobreviver e se reproduzir passavam suas características “bem-sucedidas” para seus descendentes. Parece familiar? Sim, é a essência da seleção natural!
Sua obra mais famosa, o monumental Kitab al-Hayawan (O Livro dos Animais), é uma enciclopédia de sete volumes que descreve mais de 350 espécies. Mas não se engane, não era apenas um catálogo de bichos! Al-Jahiz ia muito além da simples descrição. Ele observava o comportamento animal, suas interações com o ambiente e, o mais fascinante, como eles se adaptavam para sobreviver. E foi nessas observações que ele plantou as sementes de uma ideia que só seria plenamente reconhecida séculos depois.

Imagine só: no século IX, Al-Jahiz já escrevia sobre a “luta pela existência”! Ele percebeu que os animais estavam constantemente em uma batalha por recursos, para não serem devorados e para se reproduzirem. Ele argumentava que os fatores ambientais influenciavam os organismos, fazendo com que desenvolvessem novas características para garantir sua sobrevivência, transformando-os, assim, em novas espécies. E mais: ele entendia que os animais que conseguiam sobreviver e se reproduzir passavam suas características “bem-sucedidas” para seus descendentes. Parece familiar? Sim, é a essência da seleção natural!
Al-Jahiz não usou o termo “seleção natural” exatamente como Darwin, mas a ideia central estava lá. Ele descreveu um processo onde as variações favoráveis eram preservadas e transmitidas, levando à mudança gradual das espécies ao longo do tempo. Ele notou como parasitas se adaptavam à cor de seus hospedeiros e como a dieta e o clima afetavam não só os animais, mas também as plantas. Suas observações sobre a organização social das formigas e a comunicação animal eram incrivelmente detalhadas para a época.
é inegável que o pensamento evolutivo tem raízes muito mais profundas e diversas do que muitos imaginam
É importante ressaltar que, embora as ideias de Al-Jahiz fossem notavelmente avançadas, elas não formavam uma teoria da evolução tão sistemática e abrangente quanto a de Darwin. Al-Jahiz era mais um teólogo natural, que via a adaptação como um sinal da sabedoria divina, enquanto Darwin buscava explicações puramente naturalistas. No entanto, a mera existência de tais conceitos em uma época tão remota é um testemunho do brilhantismo de Al-Jahiz e da riqueza intelectual da civilização islâmica.
Suas ideias influenciaram outros grandes pensadores muçulmanos, como Al-Farabi e Ibn Khaldun, e até mesmo intelectuais europeus do século XIX, como William Draper, que chegou a falar de uma “teoria da evolução maometana”. Embora não haja evidências de que Darwin tenha lido diretamente as obras de Al-Jahiz (ele não falava árabe), é inegável que o pensamento evolutivo tem raízes muito mais profundas e diversas do que muitos imaginam.

A história de Al-Jahiz nos lembra que o conhecimento é uma tapeçaria complexa, tecida por mentes brilhantes de diferentes culturas e épocas. Ele nos convida a olhar além das narrativas convencionais e a reconhecer as contribuições de pensadores que, por vezes, foram esquecidos pela história ocidental. Afinal, quem disse que a ciência é uma jornada linear?
E você, o que achou dessa descoberta? Deixe seu like e seu comentário, e vamos continuar essa conversa sobre os segredos da história da ciência!
c) Bibliografia consultada:
•BBC News Brasil. “O filósofo muçulmano que formulou teoria da evolução mil anos antes de Darwin”. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-47577118. Acesso em: 27 de agosto de 2025.
•Darwinianas. “Filósofo muçulmano descobriu teoria de Darwin mil anos antes do naturalista inglês?! – Darwinianas”. Disponível em: https://darwinianas.com/2019/04/02/filosofo-muculmano-descobriu-teoria-de-darwin-mil-anos-antes-do-naturalista-ingles/. Acesso em: 27 de agosto de 2025.
•Wikipédia. “Al-Jāḥiẓ”. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Al-J%C4%81%E1%B8%A5i%E1%BA%93. Acesso em: 27 de agosto de 2025.
•Envolverde. “O filósofo muçulmano que formulou teoria da evolução mil anos antes de Darwin”. Disponível em: https://envolverde.com.br/politica-publica/ambiente/o-filosofo-muculmano-que-formulou-teoria-da-evolucao-mil-anos-antes-de-darwin/. Acesso em: 27 de agosto de 2025.
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