MAS SERÁ O BENEDITO?

Benedito Caravelas (ou Meia Légua)

No século XIX, em um período anterior à abolição da escravatura, em São Mateus, no Estado do Espírito Santo vivia Benedito Caravelas, cujo apelido Benedito “Meia Légua”, provocava temor na aristocracia escravagista no Espirito Santo e no Nordeste pela genialidade de suas estratégias.

A alcunha “Meia Légua”, segundo alguns se devia às suas andanças até o Nordeste e segundo outros para justificar o fato de que quando alguém do seu bando era capturado, vestido como ele, falavam que não poderia ser ele, porque ele estava a meia légua de distância do local.

Aqui cabe uma explicação: Ele sempre se encontrava acompanhado de outros negros insurgentes. Invadia fazendas, saqueava o local e libertava outros negros das Senzalas. Atacava sempre em grupos pequenos e divididos (para evitar perdas significativas em eventuais capturas) porém muito bem organizados, fazendas diferentes ao mesmo tempo.

Benedito era ousado. O que o tornava temido pelos escravagistas era o fato de eles o considerarem imortal. Explico: O plano era simples, grupos pequenos, divididos, atacando simultaneamente. Cada um tinha o seu líder e este se vestia exatamente como Benedito. Quando um era recapturado, ou morto, havia noticias de invasões e saques em outro lugar atribuído a ele. Noticias de focos de rebelião havia em todos os locais, assim como o avistamento de “Benedito”.

Capitão do Mato e escravo capturado

Daí a pergunta surgiu e se tornou frequente: “Mas será o Benedito?”.

Para reforçar a ideia de imortalidade, no Estado do Espirito Santo, na cidade de São Mateus, depois de ser traído por um escravo ele fora capturado e puxado por um Capitão do Mato à cavalo, por uma corda amarrada pelo pescoço. Foi dado como morto e levado para ser sepultado no cemitério de escravos da igreja de São Benedito. Dia seguinte, quando voltaram ao local, nada de corpo, apenas pegadas de sangue pelo chão a partir da cova. Um ponto interessante que quase me escapa no relato é que Benedito Caravelas, sempre carregava consigo uma pequena estátua de São Benedito, e esse fato, acrescentado ao local de seu “sepultamento”, conferiu uma aura mágica à personagem em razão da atribuição da proteção do santo.

“Meia Légua”, morreu doente em idade avançada. Como dormia em um tronco oco de árvore, alguém que o viu – provavelmente um caçador – o denunciou e foi preparada uma armadilha. Quando Benedito se alojou para descansar no tronco, o tronco foi vedado e incinerado com ele dentro. O fogo ardeu por dois dias e duas noites e, após, revirando as cinzas do local, somente a pequena estatua de São Benedito restava intacta.

Imagem São Benedito

Ainda se rememora sua trajetória em festas populares como Congada e Ticumbi através do Brasil e é mais precisamente nessa última, no dia 1º de janeiro, que um cortejo de Ticumbi recolhe a pequena imagem original de São Benedito, do Córrego das Piabas e a leva até a igreja, celebrando a memória de “Benedito Meia Légua”

Ticumbi (festa tradicional)

Resistiu com fé, coragem, ousadia e força com seu quilombo por mais de quarenta anos, infligindo sérios danos ao Sistema em sua época. Esse é seu legado.

Essa é a história por trás da expressão “Mas Será o Benedito?”.

Fontes: Wikipédia.org; sul21.com.br; oimpacto.com.br; youtube.com; twitter(AleSantos).

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