
Certamente você assistiu à série de filmes “Piratas do Caribe” no cinema, não? Ou se for um “pouco” mais velho, os filmes de Errol Flyn. Ambos ajudaram a propagar o estereótipo romanceado do anti-herói e os fizeram agradáveis aos olhos dos espectadores.
Só que a vida de um pirata de verdade não tinha aquele apelo e glamour não. Aventuras épicas? Raramente.
O termo original “pirata” vem do latim e passa pelo grego querendo significar algo como “assaltar” em tradução livre. Na realidade era um mero bandido que, sozinho ou organizado em grupos cruzava os mares para saquear e pilhar navios e cidades em busca de riquezas e poder que delas advinham.

A pirataria existiu desde que o ser humano começou a se aventurar no mar e transportar mercadorias e riquezas através dele (historicamente comprovado, gregos pilhavam mercadores fenícios e assírios). Teve seu auge por volta dos séculos XVI a XVIII, em uma época que ficou conhecida como a “Época Dourada da Pirataria” e perdura até os dias de hoje, principalmente na costa leste da África e sudeste asiático.
Naquela época, navegando em rotas comerciais, as atividades mais comuns eram as pilhagens em navios (bens, metais e pedras preciosas), em cidades costeiras (acrescentavam aos saques, o sequestro de pessoas ricas e importantes em busca de resgate). Em todos os sete mares haviam piratas. Nos mares da Europa, costa Africana, Mar do Japão, Entre Inglaterra e França e, principalmente seu local preferido, o mar das Caraíbas (ou Caribe), onde a imensa quantidade de ilhas a servir de abrigo e o grande volume de navios espanhóis carregados de saque na costa americana (principalmente do Peru) tinham trânsito constante.

Os piratas vestiam-se como qualquer outra pessoa da época, roupas normais, chapéus de três pontas, armamentos (armas de pederneira, machados ou espadas e adagas). Os ganchos e pernas de pau, se deviam ao fato da perda de membros em batalhas e os tapa-olhos, na grande maioria das vezes se devia ao fato de manter permanentemente um olho adaptado a eventual ambiente escuro em que entrassem.
Todos cumpriam um código de conduta estabelecido pelo capitão (variava de acordo com o capitão). Não havia piedade àqueles que infringissem a lei, salvo, a critério do capitão, se o “meliante” executava suas tarefas com maestria, caso em que seria absolvido. As punições variavam entre chibatadas, abandono em ilha deserta com ou sem agua e pistola com uma única bala ou em casos menos graves, a própria tripulação escolhia o castigo.

Os piratas eram seletivos com o tipo de navios que pilhavam, para minimizar os riscos que tinham. Além dos mencionados, faziam parte dos saques, materiais como linhos, roupas, comida, âncoras, cordas e medicamentos. Também incluíam artigos raros, como especiarias, açúcar e tinturas. A escolha contínua de navios certos, ajudava os capitães a permanecer no comando e evitarem motins.

A divisão era feita da seguinte forma. Cada tripulante recebia uma parte do butim. O capitão, uma parte e meia, e o imediato, o carpinteiro, o mestre e o homem de armas, recebiam uma parte e um quarto.
Como não haviam médicos à bordo, eventual mutilação de batalha era resolvida pelo cozinheiro do navio. Se o pirata sobrevivesse à amputação, provavelmente morreria de infecção. Casos que sobreviviam, representavam menos de vinte por cento. Os feridos recebiam de acordo com a mutilação uma compensação financeira ou uma quantidade de escravos e a eles eram atribuídas tarefas não exigentes no navio, como cozinhar, lavar o convés ou manobrar as armas.

Suas vítimas recebiam tratamentos diversos de acordo com sua posição social, se importantes ou ricos, era cobrado resgate e normalmente nada se fazia contra esses. Mas se, por outro lado, houvesse interesse em alguma informação, ou um desafeto capturado, é bem necessário dizer que tortura, queima e mutilação estavam entre os atos preferidos dos piratas. Verdadeiros atos de crueldade eram perpetrados nessas ocasiões. Houve um caso curioso registrado, onde um capitão pirata, Edward England, que apesar do nome era irlandês, foi punido por sua tripulação por ser muito “brando” para com eles.

O pirata poderia se considerar com sorte se morresse em batalha. As alternativas não eram lá muito agradáveis. Poderia morrer em naufrágios, em brigas na taberna, por doenças diversas, ou o pior quando eram capturados: a forca. Os capitães, quando mortos, eram embalsamados, colocados em uma caixa com armação de ferro e pendurados em locais visíveis aos passantes. As execuções de piratas eram o ápice do evento social para os habitantes locais e levavam multidões para assisti-las. Nessas ocasiões haviam os que se arrependiam de seus crimes e os que se arrependiam de não terem feito mais. As últimas palavras desses últimos normalmente eram xingamentos endereçados a todos os presentes.
A vida no mar não era moleza. No navio, os porões eram escuros, tinham mau cheiro, eram úmidos, havia racionamento de comida. A água de quando saiam do porto deixava de ser potável rapidamente e por isso eles bebiam cerveja, para se manterem hidratados. o estoque era abundante. Como comida, se abasteciam de biscoitos duros, limas para repor a vitamina C e evitar o escorbuto, e de algumas eventuais galinhas para providenciar ovos e carne, além da carne de tartarugas, muito apreciada, então.
O tédio era grande pois se passava muito tempo navegando à cata de vítimas. E quando as encontravam batalhas duríssimas eram travadas. Se demorassem para encontrar navios, já que não haviam distrações, as brigas entre a tripulação eram constantes. Interessante aqui é o fato de que inicialmente o controle cabia ao Capitão, impondo medo ou respeito, mas a última palavra era da tripulação, pois o código fazia com que o navio fosse um ambiente “democrático”.

Vocês podem esperar que os piratas escondessem seus tesouros em locais distantes e isolados mas isso quase não acontecia. Ao regressar das viagens, queriam mais é se entregar a todo o tipo de diversão que pudessem ter. Rapidamente perdiam tudo o que haviam conseguido em tabernas e cervejarias. Gastavam milhares de pesos em uma única noite. Rum, vinho, comida, jogo, prostitutas faziam de uma taverna pobre no início da noite, riquíssima ao amanhecer.
Ao se refazerem da noite de esbórnia, haviam tarefas esperando por eles, muito trabalho em terra: o casco do navio tinha que ser limpo de cracas e algas. Havia a necessidade de se verificar o estado do navio, se era possível seu reparo ou era necessária sua substituição e havia a necessidade de ser preparada a próxima viagem, de se adquirir provisões de água e comida e a reposição de material humano perdido por morte ou mutilação grave.

Num futuro próximo, em outro post, falaremos mais sobre os tipos de piratas, as diversas bandeiras, os principais piratas que se tem notícia e sobre um pirata “quase” brasileiro.

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