
O escaravelho (do latim scarafaius, variando de scarabaeus, chegando ao português antigo escaraveo) é um besouro. Uma de suas espécies, talvez a mais famosa em razão de sua constante aparição em filmes egípcios é o Scarabeus Sacer (escaravelho sagrado). É um inseto coprófago (comedor de fezes – principalmente de mamíferos herbivoros). Suas fêmeas preparam uma pequena bola de esterco onde depositam um ovo, que por vezes é coberta de barro e, após empurrá-lo por alguma distância (por isso comumente chamados de “rola-bosta”) o enterram, para depois de algum tempo, nascer um novo besouro que repetirá a dinâmica do processo.

No Egito antigo se adorava o escaravelho, sendo um dos mais (senão o mais) conhecido dos símbolos egípcios. Eram considerados como seres sagrados e eram representados e usados como amuletos (com inscrições em suas asas) para relacionar a ressureição e a vida após a morte. Também utilizados nos sarcófagos e nas paredes das tumbas, pois era crença que protegiam o morto em seu caminho para o além.

Simbolicamente falando há algumas considerações a fazer de acordo com a posição em que mostrado:
- Com as asas recolhidas (fechadas) à a vida em florescimento; o início da caminhada do conhecimento, a busca lenta pelo autoconhecimento quando se dá conta de que pode abrir os élitros (“asas” anteriores, mais espessas e endurecidas) de seu corpo pesado.

- Com as asas abertas à o iniciado ou o mestre; após uma dura vida aprende ser capaz de se erguer do chão e voar em direção ao sol (Kepher(iniciado) buscando chegar a Amon, o disco solar alado (símbolo da divindade).

O deus Kephri é aquele que “chega a ser”, “o que renasce por si mesmo”, deriva da raiz egípcia Kepher, que na escrita hieroglífica significa nascer, existir, tornar-se, ou formar ou ainda construir novamente, sendo, portanto, um símbolo de ressureição, o Sol que, dia-a-dia, renasce de si mesmo. Recapitulando: carrega uma bola entre as patas dianteiras, que se por um lado é a imagem do Sol renovado, por outro simboliza a imortalidade do discípulo renascido de sua própria decomposição representada pela bola de esterco na qual depositada a semente da própria imortalidade. É a transformação constante da existência, também representada pelo Ovo do Mundo.

Relacionado a essa transformação contínua, vemos a caminhada da “Barca Solar”: Kephri, aí representa o sol nascente, que ao meio-dia se torna Rá e, ao entardecer: Aton, quando o ciclo se encerra para reiniciar na aurora seguinte, renovado pelo escaravelho. Assim, analogicamente era compreendido o ciclo de vida (o ciclo terreno da barca solar): nascimento e desenvolvimento, maturação com o depósito do ovo no esterco rolado, descoberta de sua real potencialidade (abertura das asas), elevação para o mundo novo e sua morte física (após levantar voo em direção à Verdadeira Luz).
Assim esses pequenos seres se tornaram verdadeiros símbolos iconográficos e ideológicos incorporados na Sociedade Egipcia.

As culturas grega e romana, muito ligadas à cultura egípcia, adotaram uma frase representada em seus antigos mistérios, a qual diziam encontrar-se grafada em pilares onde representada a figura do escaravelho nos antigos templos egípcios: “Eu sou Kepher, o discípulo, quando abrir minhas asas, ressuscitarei.”.
A cultura chinesa, reconhece o símbolo do escaravelho em duas das mais importantes obras filosóficas milenares lá escritas: O tratado da flor de ouro: “o besouro rola sua bola da qual nasce a vida”; e o Tao, de Lao Tse, que representa a atividade do besouro como a habilidade aparentemente inábil, da perfeição aparentemente imperfeita considerados critérios essenciais da Sabedoria.

No extremo oposto de nosso planeta, mais precisamente a Cultura Maia, o Chinam Balam, o representa como “a lama da terra” (material e moral), chamada a tornar-se a divindade.
Ainda, Kepher, na Kabbalah Kether, representa a Coroa, a Sephiroht mais alta da Árvore da Vida, significando a Divindade Manifestada.
“Kephri, aí representa o sol nascente, que ao meio-dia se torna Rá e, ao entardecer: Aton, quando o ciclo se encerra para reiniciar na aurora seguinte, renovado pelo escaravelho. Assim, analogicamente era compreendido o ciclo de vida (o ciclo terreno da barca solar)”
Finalmente, na senda esotérica ou secreta, na alquimia, há aqueles que enxergam no besouro e sua pequena bola de excrementos que carrega em si a semente da vida, a busca pela pedra filosofal – onde no estudo aprofundado de um símbolo aparentemente simples, pode ser encontrada a chave da imortalidade.


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